Conheça o catarinense Nildo Ouriques, que pode ser candidato à presidência pelo PSOL
NILDO OURIQUES foto google imagens
A eleição presidencial do ano que vem pode ter um catarinense entre os candidatos. Para uns, azarão, para outros, pré-candidato, o professor de Economia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Nildo Ouriques, 58 anos, é filiado ao PSOL desde abril deste ano e já trabalha no garimpo por apoio à empreitada em pequenas andanças pelo país. Ouriques tem histórico na política como militante de base. Petista por pouco mais de duas décadas, deixou o partido em 2005.
Nascido em Joaçaba, Meio-Oeste de Santa Catarina, morou na cidade até os 17 anos, quando concluiu o ensino médio. Já na Capital, onde mantém residência atualmente, fez um ano de cursinho e ingressou no curso de Economia da UFSC. Ao longo dos estudos na academia, concluídos em 1985, o hoje professor formou o Centro Acadêmico de Economia, onde atuou como presidente, cargo que em 1982 também ocupou no DCE.
Ouriques conversou com a reportagem do Diário Catarinense na quinta-feira do dia 5 de outubro. Ele estava no Rio de Janeiro, onde palestrou para os alunos da Universidade Federal Fluminense (UFF) sobre o livro "Criticas a Razão Acadêmica", lançado na noite anterior na 8ª Bienal de Alagoas. Para se consolidar como candidato à Presidência da República, ele precisa do aval do partido, que se encontra para a convenção nacional entre os dias 1º e 3 de dezembro em Goiás.
Até lá, conforme o atual presidente do PSOL em Florianópolis, Leonel Camasão, há ainda a chance de outros políticos, como Guilherme Boulos, do MTST, se lançarem à pré-candidatura. Até então, esse também era o caso de Chico Alencar, deputado federal do PSOL no Rio de Janeiro. No entanto, nesta segunda-feira, Alencar optou por concorrer ao Senado e não mais ao cargo de presidente, como havia sido cogitado até então.
Paralelo a isso, o presidente do PSOL municipal, na Capital catarinense, acredita que a candidatura de Ouriques não deve se consolidar. Camasão estima que apenas 1% dos setores apoiam a candidatura do professor. Confira abaixo como foi a conversa com Nildo e o que ele disse sobre alguns pontos polêmicos da atualidade no país.
Por que essa lacuna de quase uma década entre a desfiliação do PT e a entrada no PSOL? O senhor não se identificava com nenhum outro partido?Eu votava no PSOL, atuei como um intelectual, considerava que a vida política no Brasil estava engessada, que o petismo estava denso e eu tinha clareza que tinha que esperar o colapso do PT, não só do petismo, mas da oposição PT/PSDB, que eu chamo de "sistema petucano". Quando isso naufragou na última eleição presidencial com a Dilma, não com o impeachment, mas porque a Dilma prometeu uma coisa e entregou outra. Quando a Dilma prometeu um programa e, na engenharia, assumiu a proposta do Aécio, do Armínio Fraga, e colocou como ministro um banqueiro, um funcionário medíocre, que o é o Joaquim Levi, eu decidi que a política começou a existir no Brasil novamente. Com o impeachment ficou mais claro que abriu um espaço para fazer política mais radical, mais à esquerda. Pensei: "Esse é um terreno em que eu posso atuar." Um terreno de concurso de bom moço, que é o pior da política, eu não tenho a menor chance, e nem quero ter.
Essa questão da economia foi o que te desmotivou dentro do PT?
Não foi só isso. Eu me opus também ao fato de que o partido deixou se submeter a uma razão de Estado e deixou a perspectiva militante de base e radical, claramente socialista. Sem isso, eu digo: "Bom, se o Lula assumiu o Plano Real do Cardoso, por outro lado não existe mais o impulso da militância de base socialista e radical". Eu digo: "Olha, é perda de tempo". Saí imediatamente. Saiu eu, o Plínio de Arruda Sampaio... Éramos 23 economistas no Fórum Social Mundial de Porto Alegre. A gente abandonou e declarou para todo mundo. A gente saiu do partido quando o partido virou governo federal, um monte de governador, quando tinha os problemas de cargos, posições, ministérios, secretarias. Saímos quando era fácil ser petista e entramos quando era difícil ser petista. Então, estamos acostumados a remar contra a maré.
Não foi só isso. Eu me opus também ao fato de que o partido deixou se submeter a uma razão de Estado e deixou a perspectiva militante de base e radical, claramente socialista. Sem isso, eu digo: "Bom, se o Lula assumiu o Plano Real do Cardoso, por outro lado não existe mais o impulso da militância de base socialista e radical". Eu digo: "Olha, é perda de tempo". Saí imediatamente. Saiu eu, o Plínio de Arruda Sampaio... Éramos 23 economistas no Fórum Social Mundial de Porto Alegre. A gente abandonou e declarou para todo mundo. A gente saiu do partido quando o partido virou governo federal, um monte de governador, quando tinha os problemas de cargos, posições, ministérios, secretarias. Saímos quando era fácil ser petista e entramos quando era difícil ser petista. Então, estamos acostumados a remar contra a maré.
Com a ideologia do PSOL, o senhor acreditou que podia tentar novamente?O PSOL é uma frente política que se define como socialista e a favor da liberdade. Eu pensei: "é conosco mesmo." Dentro do partido, o que eu estou fazendo, como pode ver no meu blog, está lá um manifesto sobre a revolução brasileira. Lá tem um manifesto com as razões pelas quais eu entrei no partido. Entrei no partido não para reforçar uma pauta identitária, entrei no partido para discutir a revolução brasileira que o Brasil está precisando, ninguém mais acredita em nada.
Como, sem disputar cargos eletivos antes, o senhor chegou a esse patamar de pré-candidato à Presidência?Olha, essa ideia foi o seguinte: nós observamos a crise brasileira e observamos que existe a necessidade de um candidato que estabeleça claramente o que está acontecendo no país. A maioria dos candidatos nada diz, todos estão em um concurso de bom moço, falando "olha eu sou simpático, querido, bom, não estou afim de radicalizar", uma hora dizem que são a favor da moratória da dívida externa, eu por exemplo, estou claramente falando "é preciso ter um candidato que diga para o Brasil o que de fato está acontecendo", em resumo, alguém que reconcilie verdade e política. Porque hoje, para a maioria do povo, o político é um mentiroso. Então entrei no partido para dizer "agora existe uma crise". Nós temos um grupo de 12, 13 economistas, uns ex-alunos da graduação e pós-graduação, temos um fórum permanente, nós temos um diagnóstico. Eu apresento para o partido e muita gente no Brasil inteiro, em debates. Em tudo que é canto, antes de eu entrar no PSOL, começava a defender a ideia de que eu deveria ser candidato, fui amadurecendo e se configurou uma situação com a crise. Essa necessidade de colocar um diagnóstico para o Brasil, reconciliar política com verdade. Então daí nasceu. Começaram várias tendências no interior do partido a adotar essa candidatura e esse programa que está crescendo cada vez mais.
O senhor tem apoio dos demais membros do partido nacionalmente?Estou conversando com todo mundo, vendo as tendencias. Sentei com Ivan Valente, Chico Alencar, sentei com o Glauber [Braga, deputado federal do Rio de Janeiro], sentei com todo mundo, com o pessoal da Luciana Genro, sentando aqui [no Rio de Janeiro] e fico aqui até domingo [15 de outubro] em intensa atividade. Avaliar as tendencias internas. Conversei com o deputado estadual em São Paulo, o Raul Vicente. Estou conversando, cada vez mais gente adotando a candidatura. Outros esperando uma decisão do Chico, outros condicionando que o Chico não seja candidato à Presidência, mas sim ao Senado do Rio [o que se confirmou depois da entrevista]. Estou otimista. Cheguei de Maceió ontem, aqui no Rio conversei com o pessoal do diretório municipal e estadual, que eu nem conhecia, mas que fizeram questão de me buscar no aeroporto. Conversamos por uma noite inteira depois da minha atividade. Estou muito animado, satisfeito com a reação, com o debate dentro do partido e com essa repercussão fora.
Catarinense conversou com a reportagem do DC em entrevista no dia 5 de outubro
Olá. Ao menos parece sensato. Qualquer pessoa de bem no Brasil sabe que esse país precisa de alguém decente à frente de seus problemas. Nossos políticos profissionais estão desacreditados, literalmente. O Brasil precisa de um choque de vergonha na cara, caso contrário, seremos apenas um bando de pretensiosos donos, cada um de uma verdade, sem qualquer chance de oferecer dignidade ao Brasil e a seu povo.
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