No Brasil, bandeira confederada é enfeite sem relação com racismo
Considerada racista nos EUA, bandeira, no Brasil, é associada a roqueiros e a descendentes de confederados no interior de São Paulo
Alvo de polêmica nos Estados Unidos, a bandeira dos Estados Confederados é utilizada como enfeite por motociclistas e roqueiros no Brasil, além de decorar uma festa anual de descendentes dos confederados de uma pequena cidade no interior de São Paulo. No Mercado Livre, uma empresa de comércio eletrônico, é possível encontrar bandeiras, cintos e outros produtos com o desenho da bandeira por preços que variam de R$ 7 a R$ 150. O símbolo dos antigos estados confederados americanos, que remete à escravidão nos Estados Unidos, é vendido no site de compra e venda brasileiro em anúncios do tipo “perfeito para decorar sua… festa junina”.
Mas afinal, qual o problema da bandeira? A Confederação foi uma aliança de estados do Sul que queriam manter a escravidão nos EUA. Essa foi uma das causas que deu início à guerra civil norte-americana, que durou quatro anos e terminou com a vitória do norte. A bandeira dos Confederados foi mantida como símbolo de alguns estados do Sul ao longo dos anos sob o argumento de que ela representa parte da história do país e da herança dos habitantes do Sul. No entanto, ela também é considerada racista devido à sua ligação com o passado de escravidão e à apropriação por grupos supremacistas.
A atriz Whoopi Goldberg chegou a comparar a bandeira com a suástica, símbolo da Alemanha nazista. “Seria como ter a bandeira com a suástica voando na casa do seu vizinho ao lado”, disse durante um programa de auditório da emissora ABC.
Recentemente, a polêmica da bandeira voltou à tona, quando um militante racista matou nove fieis negros de uma igreja da comunidade negra de Charleston, na Carolina do Sul. Como o autor do crime, Dylann Roof, apareceu em fotos na internet posando com a bandeira, houve forte pressão política por sua proibição. Com isso, redes varejistas americanas como Amazon, eBay e Walmart suspenderem sua venda. Nesta quinta-feira, 9, a Câmara dos Deputados da Carolina do Sul aprovou derrubar a bandeira confederada do Capitólio. Nikki Haley, governadora republicana, disse que era “um novo dia na Carolina do Sul, um dia que todos nós podemos estar orgulhosos”, depois que o projeto de lei foi aprovado.
Mas enquanto isso, aqui no Brasil, a bandeira circula livremente. Em Santa Bárbara d´Oeste, São Paulo, a Festa Confederada é um evento anual em que descendentes dos confederados americanos celebram alguns dos estereótipos do sul dos EUA, como dançar “square dance” (algo parecido com “quadrilha”), comer frango frito, ouvir música country e decorar a cidade com a bandeira dos confederados. Para eles, a bandeira é mais um símbolo étnico do que político.
Já no centro de São Paulo, a bandeira confederada pode ser encontrada em lojas da região da alameda Barão de Limeira, especializada em artigos para motociclistas, e na Galeria do Rock, na avenida São João. Nos EUA, bandas de rock vindas dos antigos estados confederados, como Lynyrd Skynyrd e Allman Brothers, já usaram a bandeira em shows e clipes, mesmo sendo alvos de polêmica.
FONTE: OPINIÃO E NOTICIAS
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