Brasil é o 2º maior fabricante de armas leves no Ocidente; país tem 17,6 mi de armamentos
Estudo
Hoje em território brasileiro existem cerca de 17,6 milhões de armas leves em circulação, 57% ilegais
A maioria é produzida dentro do país, que atualmente ocupa o posto de segundo maior fabricante de armas de pequeno porte no Ocidente.
Os números alarmantes foram divulgados em outubro pela pesquisa “Armas leves no Brasil: Produção, Comércio e Posse” (“Small Arms in Brazil: Production, Trade and Holdings”.
A pesquisa foi realizada em parceria pelo Instituto de Altos Estudos Internacionais em Genebra e as ONGs Small Arms Survey, Viva Rio e ISER (Instituto de Estudos da Religião).
Dividido em três partes, o estudo traça um panorama sobre a presença das armas leves no Brasil levando em conta a estrutura do complexo industrial-militar no país, o comércio do setor e a posse das armas.
A proposta é tentar identificar como a produção desses artefatos se desenvolveu, quem vende e quem compra as armas brasileiras e quem detém a posse delas no final da cadeia.
Os dados são de 2008 e são consideradas armas leves aquelas que podem ser usadas e transportadas por uma ou duas pessoas, incluindo as de cano longo.
Produção e comércio
Em relação à produção e comércio, o estudo destaca que a fabricação desses armamentos cresceu progressivamente nos últimos 30 anos, principalmente durante o início da ditadura militar (entre 1974 e 1983).
Hoje, a indústria movimenta aproximadamente US$ 100 milhões por ano e está concentrada em três principais fabricantes: Taurus, CBC e IMBEL.
“O Brasil nos últimos anos, em quantidade, é maior exportador de armas curtas para os EUA, a maior parte desse volume pertence à Taurus.
A CBC, por sua vez, tem o monopólio da produção e comércio de cartuchos no Brasil e a Imbel está mais voltada para mercado militar com a produção de fuzis de assalto”, explica o co-autor do estudo e pesquisador do Viva Rio, Júlio Purcena, em entrevista ao Ilanud.
Mas se os Estados Unidos são o maior comprador de armas brasileiras, a indústria também abastece o mercado interno. “As armas de fogo usadas pelo crime organizado brasileiro são, sobretudo, de fabricação nacional.
A produção de armas leves no Brasil cresceu de forma exponencial nas mesmas décadas em que se verificou aumento progressivo da violência”, declara a pesquisa.
Ainda segundo Júlio, a evolução da produção do setor é uma questão complexa.
“Parte da explicação do sucesso brasileiro em armas pequenas foi a simbiose do Estado com a iniciativa privada para captar tecnologias ou processos no exterior e difundir os mesmos no mercado internacional.
Um dos símbolos desse padrão são as pistolas Taurus baseadas no modelo Beretta 92”, destaca Purcena.
Posse
Quanto à posse de armas leves no Brasil, o estudo também observa grande heterogeneidade dentro dos Estados do país.
Enquanto em grandes metrópoles, como Rio de Janeiro e São Paulo, predominam as pistolas, em regiões agrárias (como Roraima e Mato Grosso) os revólveres e fuzis são mais comuns.
Por isso, a pesquisa alerta que políticas de controle devem considerar essas diferenças regionais.
Em comum, é possível verificar em todos os Estados brasileiros “o pobre e inadequado registro das armas leves”: 57% das armas em circulação no país são ilegais.
De acordo com o estudo, quem tem a posse da maior parte dessas armas são criminosos ou indivíduos que compram os artefatos no mercado informal para uso privado.(www.ilanud.org.br)
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